sábado, 10 de janeiro de 2015

Querido Julho

capitulo quatorze. 
Já terminando o banho e vestindo a roupa, ele se sentia extremamente inteiro e feliz. 
Foi à cozinha, pegou uma maçã e foi direto para a sala. Como uma criança que vai assistir seu desenho favorito, como um fanático por novela.
Ligou a TV, e ficou encarando-a. Esperando o momento especial do dia. 
E então começou, e ele sentou melhor no sofá e aumentou o volume da televisão. 
 "Marie Rose Johnson, vinte anos, encontrada morta em sua casa nesta quinta-feira às seis e meia da noite. Não se sabem muitos detalhes sobre o ocorrido, a perícia já está à frente do caso, e a polícia já está fazendo investigações. Até agora não conseguiram descobrir nenhum suspeito. Todos os que estavam na casa foram interrogados, e, nenhum suspeito." 
"nenhum suspeito" ele se deliciou com a frase. 
sorriu com a notícia. 
E deu uma mordida na maçã que havia pego na cozinha. 
E ele precisava sair, estava se sentindo feliz de mais para ficar em casa. 
E dessa vez, iria sair em paz. 
Pegou o casaco que havia jogado em cima do sofá e saiu. 
 
Capitulo treze.
- E então, quando chegamos no quarto... - disse Rachel, tentando falar, mas afogada em lágrimas e soluços. Molly e Carly se entreolharam. - E ela estava lá, totalmente desfigurada, jogada no chão... Morta, meu Deus. - e então, começou a chorar aos berros. 
Carly a abraçou, chorando também. Molly abraçou as duas. 
Jane estava na soleira da porta, olhando toda aquela situação. Ela conhecia Marie, não eram muito intimas, mas sabia que Marie e Carly eram como irmãs, desde que Jane havia nascido, lembra de Marie e Carly, juntas em todo momento, em qualquer lugar, qualquer evento, em qualquer viagem. Elas eram muito apegadas, até mais do que Jane era com Carly. No quarto de Carly haviam um porta-retratos de Carly e Marie. E naquele momento, Jane conseguia sentir a dor da irmã, mesmo que não chegasse a ser nem um por cento da dor que Carly realmente sentia. 
Resolveu sair dali, precisava tomar um ar fresco. 
- Aonde vai, Jane? - perguntou Molly. 
Ela virou-se rápido para a mãe. 
- Hã... Preciso tomar um ar fresco. - disse. 
Pela expressão de Molly, aquela parecia ser uma boa ideia no momento. 
Assentiu para Jane. 
Jane deu um sorriso, aqueles que a gente dá quando se desculpa de alguma coisa.
E saiu. 
 

Querido Julho

capitulo doze. 
O frio começava a apertar, mas ele já estava quase perto de casa. Já podia ver a ponta do teto que ficava exposta, apressou os passos, queria tomar um banho e trocar aquela roupa. 
Estava histérico para olhar na TV o assunto que iria percorrer vários lugares. 
Aquilo era muito doentio, mas ele gostava disso. 
A excitação que fervia o sangue. 
Abriu a porta de casa e a fechou, ansioso pelo banho, pela troca de roupas, e, consequentemente, para assistir ao jornal noticiário. 
Foi direto para o quarto, e então tirou toda a roupa em frente ao espelho enquanto ia tirando, seus olhos iam acompanhando as cicatrizes que tinha espalhadas pelo corpo. 
Mas, uma em especial, uma que ia do peitoral até a cintura, uma que se destacava de qualquer outra cicatriz que ele tinha. Uma cicatriz que ficou feia por fora, mas pior ainda por dentro. 
E então, com os dedos ele traçou ao redor da cicatriz, analisando-a. Estava fissurado por ela, mas não de uma boa forma. 
- você poderia ter sido melhor. - disse, mais para ele do que para a cicatriz. 
E então, deu um riso de desdém e foi para o banheiro. 
capitulo onze. 
- Ah, finalmente! - Bradou Jane, enquanto via sua mãe e sua irmã se aproximarem com as mãos cheias de sacolas de compras. 
- Agora você pode nos ajudar com as sacolas. - disse Molly, entregando três sacolas para Jane. 
Jane sorriu. 
- com certeza, faço qualquer coisa para sairmos daqui. 
Já estavam saindo do shopping, quando Molly percebeu que Carly estava paralisada lá atrás, olhava para o celular, nos olhos, uma confusão profunda. Como se não estivesse acreditando em algo, soltou as sacolas que tinha em mãos e olhou para Jane e Molly.
A expressão indecifrável. 
Lutou para dizer o que sua mente lhe negava. 
- Marie... - ela disse. - Marie está morta. 
E então Jane e Molly foram ajudar Carly e saber melhor do que estava sendo lhes contado. 
- como assim? O que aconteceu? - perguntou Molly enquanto Jane juntava as sacolas do chão. 
Carly se esforçava para dizer, mas as palavras não saíam. 
- Homicídio. - foi o que ela disse. 
Molly e Jane se olharam, nos olhos, o pavor visível. 
 - homicídio. - Carly disse novamente. - alguém matou Marie... - ela disse, mas não como se estivesse explicando a morte, mas como se estivesse tentando se convencer de como alguém teria coragem para tal ato. Marie não merecia isso. E com o que lera, tudo ocorreu dentro da casa dela. tudo! Totalmente inexplicável. 
Jane e Molly estavam perplexas. 
- precisamos ir na casa de Marie. - disse Carly. - precisamos saber o que realmente aconteceu. 
Molly ficou hesitante. 
- Filha... Acho melhor... 
- MÃE! Eu preciso ir! Não entende? - explodiu, Carly. - Marie está morta! Está entendendo? morta! - se derramava em lágrimas enquanto dizia isso. Aquilo não podia ser verdade, não podia... Carly estava tentando acreditar no que estava acontecendo. Mas, infelizmente, algumas verdades doem mais que outras. 
Jane apoiou Carly. 
- devíamos ir, mãe. - disse para Molly. 
E então, a mãe de coração apertado se viu sem opção. 
Foram para a casa de Marie. Ou melhor, para a antiga casa de Marie. 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Querido Julho



Capitulo dez.
O mundo estava agitado ao redor dele, as pessoas andavam desesperadas com a notícia repentina, procuravam uma resposta para isso, uma resposta verdadeira. E ela estava ali, no meio daquela multidão enlouquecida, ele estava ali.
E parecia que a cada pessoa desesperada que ele via, lhe acrescentava mais excitação.
O sorriso sádico de um caçador sedento se formava ali no seus lábios grossos e bonitos.
Mas, o sorriso logo sumiu ao chegar no local do acerto de contas.
Uma mulher alta, de cabelos longos loiros, estava sentada à espera dele. Ela estava vestida com um vestido preto, e tinha uns olhos castanhos lindos.
E ele admirou aquela beleza por alguns segundos, até lembrar- se do que fora fazer ali.
Parou em frente à ela, e ela levantou-se, era alta, mas não chegava a ser do tamanho dele. Ela sorriu.
- você é bom nisso. – elogiou-o. – já pode tirar o capuz.
Ele sorriu, mas não era um sorriso bom. E então ela hesitou.
Ele tirou o capuz e a olhou.
Ela ficou perplexa, talvez surpresa, talvez até admirada, talvez até temerosa. Ela não sabia, estava até confusa demais.
Ele era lindo, bem, de certa forma. Senão fosse pelo olhar vazio.
Tinha cabelos pretos, olhos castanhos, e quando digo castanhos, digo castanhos mesmo


E um corpo atlético. Chegava a ser sedutor, mas parecia nem ter chegado aos vinte e um anos. Devia ser apenas um jovem. Um jovem de um olhar ameaçador, e um sorriso pior ainda.
- meu Deus, você já passou dos vinte anos? – ela perguntou perplexa, até tentou disfarçar a surpresa, mas essa era maior que ela.
Ele não respondeu.
E ela insistiu:
- eu esperava alguém de uns trinta anos, mas olhe para você, tão novo... – estendeu a mão para pegar no rosto dele, e ele olhou a mão se aproximar.
- é melhor não fazer isso. – ameaçou ele.
Ela recuou a mão.
Piscou duas vezes para voltar a realidade.
Pigarreou algumas vezes e disse:
- Aqui está seu dinheiro, obrigada.
Ele pegou o dinheiro, e colocou novamente o capuz.
E virou-se para ir quando a mulher o chamou mais uma vez.
Virou-se para ela.
- posso ao menos saber seu nome? – ela perguntou, cautelosa.
Ele sorriu, um sorriso de deboche.
- não deveria se preocupar com isso. – disse.
E ela sabia, ele havia deixado algo no ar.
E então ele continuou andando.
E ela ficou observando-o andar, parecia apenas um rapaz qualquer, se alguém soubesse... Ah, se alguém soubesse quem era aquele rapaz. Iria temer encontra-lo em qualquer lugar.
Em qualquer lugar.
 

Querido Julho



Capitulo nove.
Antes de chegar a se fazer vinte e quatro horas, a notícia já estava espalhada pela grande cidade, e até outros lugares já sabiam da notícia que infelizmente perturbaria muito mais tempo do que pensariam.
O corpo da jovem de apenas vinte anos, chamada Marie Rose, estava jogado no chão, junto de seus amigos e parentes. Que inconsolavelmente choravam pela morte da querida que havia falecido de forma tão cruel e estranha.
Os policiais da região fizeram várias perguntas ao vários conhecidos da moça, perguntaram se ela havia tido alguma dívida com algum traficante, se esteve envolvida com qualquer coisa suspeita.
E todas as respostas foram as mesmas “não, Marie era um boa pessoa”
Começaram várias investigações.
Mas todas elas seriam vãs.
Infelizmente vãs.

Querido Julho



Capitulo oito.
- Aqui está, querida. – disse a senhora a Jane. Tirando-a dos pensamentos.
- Ah, obrigada. – agradeceu Jane.
- mais alguma coisa? Temos uns bolos de dar água na boca. – indicou a senhora.
Jane sentiu seu estômago revirar com a ideia de comer bolo novamente.
- Não, mas muito obrigada. 

A senhora sorriu e saiu. 

Jane estava um pouco traumatizada com bolos, da última vez que comera um foi parar direto no hospital com uma infecção intestinal das horríveis. Ela sabia que nem todos os bolos do mundo poderiam fazê-la mal, mas ela preferia não se arriscar, e, acima de tudo, recuperar-se do trauma recente.

Comeu o Hambúrguer.